Conto: Amores infinitos
- Margarete Bretone

- 29 de jan. de 2020
- 1 min de leitura
Atualizado: 27 de mai. de 2021
Ela só queria mais uma hora de sono, mas não conseguia ficar um minuto sequer na cama. Não existia uma posição em que pudesse dizer como confortável e as noites tornaram-se torturantes, virando de um lado a outro, incomodada, dormindo por poucos minutos para em seguida tentar encontrar uma posição menos terrível. Só mais alguns dias e aquilo acabaria.
Sentou-se na beirada da cama já pegando o copo de água deixado sobre a mesa de cabeceira com um sorriso. Ele sempre lembrava. Com o copo a meio caminho sentiu a dor que a obrigou a curvar-se para frente e depois para trás sem encontrar uma forma de diminuí-la. A água caiu, escorreu e molhou a camisola rosa, mas ela não ligou.
Ainda tinha tempo, assim pensara. Levantou e caminhou, precisava falar com ele. O gato branco a analisou, preguiçoso e voltou a fechar os olhos, alheio ao que aquilo significava. Gritou, uma, duas, três vezes e não obteve resposta. Entrou no banheiro e pegou o celular que estava conectado à tomada, carregando a bateria.
“Volta!”
Foi o máximo que conseguiu digitar ao chegar à escada e paralisar com a nova pontada que a rasgava de dentro para fora.
Ouviu os pneus cantarem no asfalto, os passos rápidos seguidos por um estrondo e sons de pedras espalhando-se pelo chão. Quase viu a cena diante de si, ele correndo, escorregando e derrubando o vaso de azaleias. Riria com a cena do homenzarrão todo atrapalhado diante de uma notícia e só foi capaz de gritar.
- Ele vai nascer!







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