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Conto: Amores insones

  • Foto do escritor: Margarete Bretone
    Margarete Bretone
  • 19 de mai. de 2020
  • 1 min de leitura

Atualizado: 27 de mai. de 2021

Ela passou a noite em claro. Impossível fechar os olhos quando a preocupação gritava nos ouvidos. Respirou fundo pensando quanto tempo ainda teria que ficar em alerta.

Não conseguia abstrair quando sentia que sua ajuda seria muito necessária.

Ouviu passos no corredor e resolveu levantar, precisava esticar as pernas, abrir a janela para o sol entrar e respirar o ar da manhã.

Os pés praticamente amortecidos a levaram até a janela enquanto a coluna parecia prestes a rachar por completo. Resultado de uma noite longa demais.

Esticou os braços, alongou o pescoço ajeitando os cabelos em um coque bem alto e fechou os olhos fazendo uma prece.

Ouviu a porta ser aberta, mas não olhou para trás. Sabia quem era e ele também não conseguiu dormir direito.

⁃Olha, malhado. - ele comentou em um misto de surpresa e alívio.

Ela voltou correndo, observou o amontoado de pano ao lado da cama e arregalou os olhos. No breve instante de um sopro a oração estava sendo atendida.

O pequeno ser que acabara de nascer, ainda melado, ainda quieto como se estivesse no útero era tão belo e o sorriso foi largo, quase amarrado na nuca.

A gata branca a olhou por breves instantes e ela entendeu.

Sentiu a gratidão preencher o corpo com o milagre da vida.

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© 2018 por MARGARETE BRETONE

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