Conto: Amores provocantes
- Margarete Bretone

- 11 de fev. de 2020
- 2 min de leitura
Atualizado: 27 de mai. de 2021

Ela acordou praguejando antes mesmo de abrir os olhos. Jogou o travesseiro sobre a cabeça e o apertou tentando abafar o som irritante que vinha do lado de fora. Em vão.
Quem em sã consciência apara a grama a essa hora da manhã? Pensou bufando sem olhar o relógio, sabia que nem era tão cedo assim, mas desejar continuar na cama em um sábado preguiçoso não era pedir demais, ou era?
Levantou e arrastando os pés foi até a janela balcão. Sai para a pequena sacada e grunhiu. Logo abaixo, o homem fazia o trabalho que poderia ser adiado por mais algumas horas usando apenas uma bermuda caqui e com as costas nuas, suadas.
Ela pegou uma pequena pedra sobre o vaso de fícus, daquelas feitas de argila, jogou nas costas dele e sorriu. O barulho parou, finalmente e ele virou-se para ela, emburrada, fazendo cara da brava e usando uma camisola minúscula. Ele ergueu o boné em uma pretensa saudação enquanto ela erguia os braços em uma nítida demonstração de insatisfação.
- Olha, dona, seu marido... – Ele começou a falar, mas foi interrompido por ela.
- Olha nada. Tanta coisa pra fazer e você...
Ela se insinuou, mordeu os lábios, ergueu um tantinho a barra da diminuta roupa de dormir e apoiou os cotovelos na grade da sacada de forma a ficar ainda mais sensual.
- Sabe que meu marido não está aqui. Então...
Ela fez um simples gesto com o dedo indicador e ele não titubeou, subiu no muro e pulou para perto dela, parkour era seu forte, ela era seu fraco. Aproximou observando-a engolir em seco. As mãos foram direto para a cintura, o rosto baixou em direção ao rosto dela e...
- Mãe, pai, não acredito que vocês esqueceram que eu tenho futebol. De novo!






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